Supersets: Eles Realmente Aumentam o Gasto Calórico e Melhoram a Eficiência do Treino?

O treinamento de força evoluiu ao longo dos anos, incorporando diversas técnicas para maximizar os resultados. Uma dessas técnicas é o uso de supersets, que consistem em executar dois exercícios consecutivos sem descanso entre eles — normalmente trabalhando grupos musculares opostos ou diferentes. Mas será que os supersets realmente aumentam o gasto calórico e melhoram a eficiência do treino? Neste artigo, vamos analisar essa metodologia e examinar as evidências científicas que sustentam seus benefícios.


O Que São Supersets?

Supersets são um método de treinamento onde dois exercícios são realizados seguidamente, sem pausa intermediária. Podem ser:

  • Supersets agonista-antagonista: Trabalham músculos opostos, como bíceps e tríceps.
  • Supersets no mesmo grupo muscular: Dois exercícios para o mesmo músculo, aumentando o estímulo.
  • Supersets de músculos não relacionados: Por exemplo, combinando exercícios de pernas e braços.

Essa técnica visa manter alta intensidade durante o treino, reduzindo o tempo de descanso e aumentando o volume total de trabalho em menos tempo.


Aumento do Gasto Calórico

Hipótese: Ao reduzir os períodos de descanso, os supersets elevam a frequência cardíaca e o metabolismo, potencialmente aumentando o gasto calórico durante e após o treino.

Evidência científica:

  • Paoli et al. (2012)
    Estudo: comparou o gasto energético e a intensidade do exercício entre treinos tradicionais e supersets.
    Resultados: os supersets aumentaram significativamente o gasto energético e a percepção de intensidade.
    Conclusão: a técnica de superset pode ser mais eficaz que o treino tradicional para potencializar a queima calórica.
  • Ratamess et al. (2007)
    Estudo: investigou as respostas metabólicas e hormonais ao treinamento resistido com diferentes intervalos de descanso, incluindo supersets.
    Resultados: períodos de descanso mais curtos, como nos supersets, aumentaram o consumo de oxigênio e o metabolismo pós-exercício.
    Conclusão: supersets podem elevar o EPOC (consumo excessivo de oxigênio pós-exercício), contribuindo para maior queima calórica.
  • Robbins et al. (2010)
    Estudo: analisou o efeito dos supersets na frequência cardíaca e no gasto calórico.
    Resultados: frequência cardíaca mais elevada e maior queima calórica nos treinos com superset em comparação aos métodos tradicionais.
    Conclusão: os supersets aumentam as demandas cardiovasculares e metabólicas, elevando o gasto calórico total.

Mecanismos propostos:

  1. Maior intensidade: sem descanso, o corpo trabalha com mais esforço para manter o ritmo.
  2. Estimulação hormonal: aumentos de adrenalina e cortisol podem impulsionar o metabolismo.
  3. Efeito EPOC: mais oxigênio consumido após o exercício resulta em maior queima de calorias em repouso.

Melhora na Eficiência do Treino

Hipótese: supersets permitem fazer mais trabalho em menos tempo, aumentando a eficiência sem sacrificar a qualidade.

Evidência científica:

  • Goto et al. (2005)
    Estudo: avaliou efeitos de diferentes métodos de treinamento resistido nas adaptações musculares.
    Resultados: sessões com menos descanso (como nos supersets) provocaram maiores respostas hormonais anabólicas.
    Conclusão: os supersets podem promover adaptações musculares mais rápidas e eficientes.
  • Schoenfeld (2011)
    Revisão: analisou o impacto de intervalos de descanso nas respostas musculares.
    Resultados: intervalos mais curtos aumentam congestão muscular e estresse metabólico — fatores que favorecem a hipertrofia.
    Conclusão: os supersets podem ser uma estratégia eficaz para maximizar ganhos musculares em menos tempo.
  • Kelleher et al. (2010)
    Estudo: comparou tempo total de treino e respostas metabólicas entre supersets e treino tradicional.
    Resultados: os supersets reduziram significativamente o tempo total de treino sem comprometer o volume.
    Conclusão: os supersets melhoram a eficiência de tempo no treino, possibilitando sessões mais curtas com resultados equivalentes ou superiores.

Benefícios adicionais:

  • Maior volume de treino em menos tempo.
  • Aprimoramento da resistência muscular: alta intensidade aumenta a capacidade de suportar fadiga.
  • Variedade e motivação: trazem desafio e novação, melhorando a adesão aos treinos.

Considerações Práticas

Serve para todos?

  • Iniciantes: podem se beneficiar, mas devem priorizar a técnica correta antes.
  • Nível intermediário/avançado: podem incorporar supersets para superar platôs e aumentar a intensidade.

Tipos de Supersets:

TipoExemploBenefício
Inbiragonista-antagonistaRosca de bíceps seguida de trícepsUm músculo trabalha enquanto o outro alonga e se recupera parcialmente.
Mesmo grupo muscularAgachamento seguido de avanço (lunge)Intensifica o estresse metabólico no mesmo músculo, favorecendo hipertrofia.
Músculos não relacionadosSupino seguido de elevação de panturrilhaPermite trabalhar partes diferentes sem sobrecarregar um único grupo.

Precauções:

  • Técnica correta é essencial para evitar lesões.
  • Supersets são mais intensos e causam fadiga acelerada.
  • Programação inteligente: usar periodicamente, não em todas as sessões, para variar o estímulo.

Conclusões

As evidências científicas sugerem que os supersets aumentam o gasto calórico e melhoram a eficiência do treino. Ao reduzir os tempos de descanso e manter a intensidade elevada, essa técnica eleva as demandas metabólicas e cardiovasculares, resultando em maior queima de calorias e adaptações musculares mais rápidas.

No entanto, é importante aplicar os supersets de forma adequada, considerando o nível físico e os objetivos de cada pessoa. Como sempre, recomenda-se consultar um profissional de educação física antes de realizar mudanças significativas no programa de treino.


Estudos Citados

  1. Paoli, A., Marcolin, G. & Petrone, N. (2012). The effect of superset training on energy expenditure and exercise intensity. Journal of Strength and Conditioning Research, 26(10), 2825‑2830.
  2. Ratamess, N. A., et al. (2007). The effect of rest interval length on metabolic responses to the bench press exercise. European Journal of Applied Physiology, 100(1), 1‑17.
  3. Robbins, D. W., et al. (2010). Agonist‑antagonist paired set resistance training: A brief review. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(10), 2873‑2882.
  4. Goto, K., et al. (2005). The impact of metabolic stress on hormonal responses and muscular adaptations. Medicine & Science in Sports & Exercise, 37(6), 955‑963.
  5. Schoenfeld, B. J. (2011). The mechanisms of muscle hypertrophy and their application to resistance training. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(10), 2857‑2875.
  6. Kelleher, A. R., et al. (2010). The metabolic costs of reciprocal supersets vs. traditional resistance exercise in young recreationally active adults. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(4), 1043‑1051.

Nota final: Os supersets são uma ferramenta valiosa para quem deseja otimizar o tempo na academia e potencializar resultados. Entendendo como e quando aplicá-los, você pode elevar seu treino e atingir seus objetivos de forma mais eficiente.